ENFIM, MARIELLE ESTÁ AUSENTE. SEIS ANOS DEPOIS, NÃO HÁ MAIS INTERESSE EM SABER QUEM A MATOU
Por Sérgio Pires — Opinião de Primeira
A quinta-feira, 14 de março, passará em branco. Será o sexto aniversário. Nos cinco anos anteriores, um cadáver especialmente, dos dois brutalmente assassinados, foi utilizado como mote de guerra política. “Quem matou Marielle?” era a pergunta que não queria calar. “Marielle Presente!”, era outra usada como uma espécie de triste lamento pela perda de uma vida que, a partir de uma campanha facciosa e direcionada, forçou-se, parecia ter enlutado o país. Só que não.
A imensa maioria dos brasileiros jamais ouvira o nome de Marielle Franco, em vida uma vereadora pouco mais que medíocre do Rio de Janeiro. Quando ela e seu motorista foram assassinados a tiros de metralhadora, numa rua da violenta capital dos fluminenses, os partidos de esquerda sentiram uma oportunidade, antes impensável, de tentar culpar pessoas ligadas ao então recém empossado Jair Bolsonaro. Caiu como uma luva.
Com apoio irrestrito de jornalistas que envergonham a profissão e que estão fazendo de tudo para acabar com ela até hoje; de artistas, desesperados por terem perdido as benesses milionárias da Lei Rouanet e malandros que querem sempre manipular a opinião pública, o “Quem Matou Marielle?” foi empurrado goela abaixo do país, porque o alvo, claro, não era lamentar a perda, mas chegar a Bolsonaro e seus parceiros, como envolvidos diretamente no crime.
Chegou-se, enfim, a verdade. E ela foi cruel para os “amigos chorosos” da morta. Os assassinos nada tinham a ver com Bolsonaro, muito menos o mandante, que inclusive já havia participado de campanha da ex-presidente petistas Dilma Rousseff e tem alto cargo num tribunal de contas.
A partir dessa realidade, em que foi um personagem que nada tem a ver com o bolsonarismo o mandante do crime, denunciado por um dos assassinos confessos, que Marielle, finalmente, pode ser enterrada. Não se fala mais na sua morte. Não se saúda a presença dela, como lamento. É como se o crime de 14 de março de 2018 nunca tivesse ocorrido. É uma forma clara de desumanizar as histórias e as pessoas, porque seus nomes só são úteis quando servem como mote político para tentar destruir adversários.
Finalmente, no sexto aniversário da sua morte, Marielle Franco vai voltar a ser uma morta anônima, porque não há mais interesse de torná-la mártir. Foi mais uma farsa, lamentável, em que se tentou usar um cadáver apenas para se obter ganhos políticos. Agora Marielle pode descansar em paz! Além dos seus familiares e amigos próximos, ninguém mais vai viver lamentando sua morte! Ela não é mais útil..