CADÊ AS IMAGENS QUE ESTAVAM AQUI E QUE PODERIAM CULPAR GOVERNISTAS POR OMISSÃO NO 8 DE JANEIRO?
Por Sérgio Pires — Opinião de Primeira
Houve omissão. Está claro. Não há dúvidas. Mas como essa constatação pode atingir autoridades do novo governo brasileiro, que recém assumira no 8 de Janeiro, certamente não haverá quaisquer medidas drásticas como haveriam, caso os corresponsáveis fossem, por exemplo, do governo anterior. Tudo no Brasil hoje se tornou “nós contra eles”. Infelizmente, esse confronto saiu do meio político e da população para ter, também, a participação direta de setores do Judiciário. Como se tem observado em várias decisões seguidas do STF, punindo duramente quem é “deles” e fazendo de conta que “os nossos” não cometerem qualquer ilícito.
Imagine-se, por exemplo, que quem estivesse no poder no 8 de Janeiro fosse o grupo liderado por Jair Bolsonaro e, meses depois de tanta confusão, de brigas, de prisões inclusive de inocentes, seu ministro da Justiça fosse à público para dizer que as filmagens do dia, que poderiam prejudicá-lo e poderiam deixar clara a omissão do próprio governo nos momentos dos atos de vandalismo, simplesmente foram apagadas. Foi isso que fez o ministro Flávio Dino, jogando a culpa na empresa terceirizada que, segundo ele, pelo contrato pode apagar todas as imagens a cada período. Embora tenha dado essa versão chinfrin só agora, quase nove meses, Dino não ficou nem ruborizado.
O senador rondoniense Marcos Rogério, atuante na CPMI que investiga os atos do 8 de Janeiro, fez duros pronunciamentos tanto na tribuna quanto nas redes sociais, exigindo explicações. A maioria governista que compõe a CPMI, contudo, encaminha todas as acusações de omissão contra policiais e subalternos militares, fazendo de conta que nem Dino e nem o ex-comandante da GSI, o então ministro Gonçalves Dias, não tiveram alguma coisa a ver com a clara e transparente omissão no dia fatídico.
Agora, os fatos mudam de acordo com quem é denunciado. Se é “deles”, todo o peso da lei. Se é “nosso”, qualquer acusação não passa de perseguição política. O Brasil, decididamente, não é um país sério!