Cultura

ENTREVISTA: Anderson leno autor do livro ‘Estrada de Ferro Madeira Mamoré: Relatos da História’; confira

Por Jornalismo Omadeira

O Portal de notícias Omadeira entrevista Anderson Leno Fernandes autor do livro ‘ Estrada de Ferro Madeira Mamoré: Retratos da História’. Segundo o autor, o livro não trata exclusivamente da história da ferrovia, apesar de ter conteúdo que aborda o tema, mas sim um resgate visual de períodos passados. Com material e imagens exclusivas e ilustrativas obtidas através de anos de pesquisas, Leno considera um resgate da cultura quase esquecida pelo tempo.

Anderson Leno é natural de Rondônia, nascido em Guajará-Mirim, mas segundo ele “erradicado desde cedo a Porto Velho”. Para ele “este livro resgata nossa cultura e memória através de imagens, relatos e matérias a respeito destas décadas até então esquecidas que vão dos anos 30 até os anos de 70, com isso, “o leitor terá oportunidade de viajar no tempo”. O livro trás também em seu conteúdo fatos históricos e histórias pitorescas que, sem dúvida, será bastante procurado por acadêmicos de todas as áreas como: jornalismo, publicidade, história e toda sociedade em geral pela riqueza de conteúdo.

ENTREVISTA

Omadeira — Como se deu a reunião de todo esse acervo histórico?

Anderson leno — Não foi um trabalho fácil, hoje tenho um acervo de mais de cinco mil imagens, entre fotos de Porto Velho antiga e muito mais da estrada de ferro Madeira Mamoré. No final de 2018 foi quando me deu um estalo para querer criar o livro, eu pensei porque não criar um livro e compartilhar com as pessoas um material bonito e ilustrativo para que as pessoas possam conhecer nossa história. Até então nós temos muitos livros que já foram publicados e muitos se falam da estrada de ferro, mas poucos falam como realmente ela funcionava. Paralelo ao livro eu tenho feito trabalho a campo de pesquisa dos trechos da estrada de ferro abandonada, tudo isso é um trabalho voluntário sem patrocínio nenhum.

 

 

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Omadeira — Qual o diferencial desse livro?

Anderson Leno — O diferencial desse livro é que 80% das fotos são inéditas, isso é fruto de um trabalho de cinco anos de pesquisas entre sites nacionais e internacionais, como por exemplo arquivo Nacional do Rio de Janeiro e também têm imagens que amigos me cederam, tem fotos no livro que eu vou estar comprando os direitos de imagem. Outro diferencial, em parceria com um amigo, o Luiz Claro, que gentilmente coloriu algumas fotos que pesquisamos, por estar em preto e branco, portanto, as pessoas que tiverem acesso a esse livro terá oportunidade de ver as imagens coloridas.

Omadeira — A partir dessa sua pesquisa você começou a perceber que algumas informações não tinham em alguns livros lançados na Capital que foi colocado em seu livro?

Anderson leno — Muito se fala da Estrada de Ferro Madeira Mamoré e de Porto Velho, quero deixar claro que não é uma crítica em momento algum, mas eu percebi uma carência de informações sobre como a estrada de ferro funcionava, eu sempre tive curiosidade de seu funcionamento, com a pesquisa descobri que muitos fatos não são contados por exemplo: o aspecto financeiro, tecnológico e logístico. Essas questões que eu queria buscar a fundo e consegui encontrar. A ferrovia desde sua inauguração que começou deficitária, a borracha que seria o foco principal em 1912 perdeu todo valor comercial aqui da região entre Brasil e Bolívia, mas pouco se fala da manutenção dela no decorrer dos anos. Cada década que se passava os administradores tentavam manter o bom funcionamento da ferrovia que chegou a ter entre cada período em torno de setecentos a mil funcionários contratados a nível CLT e outros contratos. É muito emocionante a gente ver o trabalho de amor que os ferroviários tinham pelo material.

Omadeira — Em que ano a ferrovia foi desativada?

Anderson leno — A ferrovia foi decretada sua desativação em 1966, mas foi desativada em 1972. Desde o início dos anos 60 com a implantação das rodovias no país já se aventava a desativação das ferrovias. A ferrovia chegou a ter 23 locomotivas até o fim de seu funcionamento, dos anos 50 até até a década de 60 tinha em média 18 locomotivas, desse total pelo menos metade estava parada, infelizmente foi se degradando aos poucos, inclusive muito se fala que estrada de ferro não deu lucro.

Omadeira — Você teve apoio financeiro do empresariado, do Governo do Estado ou da prefeitura de Porto Velho?

Anderson leno — o livro foi finalizado ano passado, recebi alguns apoios de empresas privadas que eu tinha um certo contato gostaram do projeto e abraçaram a ideia. Infelizmente este ano tivemos a pandemia, isso atrapalhou demais e atravancou um pouco o processo de captação de recursos, mas espero agora com essa ampla divulgação as empresas comecem a enxergar esse projeto com bons olhos e que podem apoiar esse projeto.

Omadeira — Para quem realmente você escreveu esse livro?

Anderson leno — Esse livro é feito para o leigo e para as pessoas que não viveram o período da ferrovia conheçam. A gente fala muito da ferrovia, mas esse livro também retrata Porto Velho também porque a Capital nasceu da estrada de ferro. Então o leitor vai encontrar nesse livro fotos inéditas da ferrovia e conhecer a vida difícil e situações do cotidiano jamais vistas.

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Um Comentário

  1. MUITO BACANA ESTA INICIATIVA DO ANDERSON.
    PARAFRASEANDO A ESCRITORA E PROFESSORA YÊDA PINHEIRO BORZACOV, EU RELATO;
    PORTO VELHO SE CONSTITUI EM MATIZADA TELA ONDE RICA POLICROMIA, EXIGE PRÉVIO TRABALHO DE MAPEAMENTO.
    CERTAMENTE, É INENARRÁVEL O NÚMERO DE PESSOAS, A EXEMPLO DE ANDERSON LENO, LUIS CLARO, CALIXTO, JÚLIO CARVALHO, JÚLIO OLIVAR, O FOTÓGRAFO BRITO, MANOEL RODRIGUES FERREIRA, FRANCISCO FOOT HARDMAN, ANÍSIO GORAYEB FILHO…DENTRE TANTOS OUTROS, QUE DE FATO, REALMENTE CONSTRUIRAM SUAS PARCELAS DE CONTRIBUIÇÃO EM LEVAR AO CONHECIMENTO DE TODOS, ESSA SURPREENDENTE HISTÓRIA DA ESTRADA DE FERRO MADEIRA-MEMORÉ E.F.M-M.
    COMO NATURAL DE PORTO VELHO, TAMBÉM ME SOLIDARIZO A ESTE SELETO CONTEXTO DE PESSOAS QUE SONHAM COM A DEVIDA VALORIZAÇÃO E RESPEITO A ESTE PATROMÔNIO.
    QUERO CRER, QUE FUTURAS GERAÇÕES TAMBÉM IRÃO SOMAR SEUS CONHECIMENTOS NA DIVULGAÇÃO DA PLURALIDADE DA OUTRORA COSMOPOLITA PORTO VELHO.

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