Estudo da USP conclui que máscaras são incapazes de conter transmissões e podem ter aumentado a mortalidade por COVID

Pesquisadores Apontam Falta de Eficácia e Associação com Aumento na Mortalidade
Um estudo conduzido pelos pesquisadores Daniel Tausk, professor do Departamento de Matemática do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (USP), e Beny Spira, professor do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas da USP, concluiu que o uso de máscaras não reduziu a transmissão da COVID-19 e pode estar associado a um aumento na mortalidade.
O estudo reforçou as conclusões da meta-análise de Jefferson et al., publicada pela Cochrane, que não encontrou evidências de que máscaras cirúrgicas possam reduzir infecções virais respiratórias em ensaios clínicos randomizados de alta qualidade.
“As principais conclusões deste estudo são duas: no nível populacional, as máscaras não reduziram a transmissão da COVID-19 e seu uso está significativamente associado ao excesso de mortes”, afirmaram os pesquisadores.
O estudo, intitulado “O uso de máscaras está correlacionado com o excesso de mortalidade? Descobertas de 24 países europeus” (Does mask usage correlate with excess mortality? Findings from 24 European countries), foi publicado no prestigiado periódico científico BMC Public Health e já foi revisado por pares.
Origem dos Dados
A pesquisa analisou dados de 24 países europeus entre 2020 e 2021, levando em conta apenas nações com população superior a um milhão de habitantes e que possuíam registros confiáveis sobre excesso de mortalidade.
Os países nórdicos, como Dinamarca, Noruega e Suécia, apresentaram uma taxa de uso de máscaras em média 7,7 vezes menor do que a observada em países do sul da Europa, como Itália, Portugal e Espanha.
Os pesquisadores explicaram a escolha da Europa para o estudo:
“O continente europeu é particularmente adequado para esta análise devido a vários fatores-chave. Primeiro, ele compreende vários países densamente povoados dentro de uma área geográfica relativamente compacta, cada um exibindo abordagens distintas para a pandemia da COVID-19, especialmente em relação às políticas de obrigatoriedade e recomendações de máscaras”.
Além disso, destacaram que as democracias europeias fornecem dados confiáveis sobre saúde pública, permitindo uma comparação mais precisa entre os países.
Outra hipótese levantada pelos pesquisadores envolve os efeitos adversos do uso contínuo de máscaras, que poderiam afetar negativamente a saúde de indivíduos mais vulneráveis.
“Pode afetar adversamente a saúde de indivíduos particularmente vulneráveis”, alertaram os autores.
Conclusões do Estudo e Questionamentos Sobre a Segurança das Máscaras
Os pesquisadores enfatizaram que, embora o estudo seja observacional e não estabeleça causalidade direta para o excesso de mortes, suas descobertas levantam questionamentos sobre a eficácia do uso generalizado de máscaras durante a pandemia.
“Pode contribuir para questionar a eficácia e a segurança do uso generalizado de máscaras na população”, concluíram.
O professor Daniel Tausk explicou a metodologia usada para a avaliação dos dados e destacou que o estudo não se baseia apenas em uma correlação simples, mas em uma análise mais aprofundada.
“Não detectamos apenas uma correlação, mas fizemos uma análise multivariada com diversas análises de sensibilidade com o objetivo de ajustar por variáveis de confusão. Embora não se trate de um estudo randomizado, diversos estudos publicados avaliando o efeito de intervenções na pandemia utilizam esse tipo de metodologia que usamos”, explicou Tausk.
O estudo, publicado em uma revista científica revisada por pares, adiciona mais uma camada de debate às políticas adotadas durante a pandemia, levantando questões sobre se as medidas impostas foram realmente eficazes ou se poderiam ter causado mais danos do que benefícios.
*Oeste