Maior prisão do mundo foi criada por Bukele em El Salvador e pode deter 40 mil pessoas; conheça o CECOT
Mega-obra foi feita para combater organizações criminosas; presidente americano deseja tornar a base militar de Guantánamo a segunda maior para deter imigrantes irregulares que cometerem crimes nos Estados Unidos
A base militar de Guantánamo pode se tornar a segunda maior prisão do mundo, caso o plano do presidente americano, Donald Trump, se torne realidade e os imigrantes irregulares que tenham cometido crimes nos Estados Unidos sejam transferidos para o local. Com 30 mil leitos, segundo o próprio político afirma em entrevista nesta quarta-feira, ela ficaria atrás apenas do Centro de Confinamento do Terrorismo (CECOT ), em El Salvador, criado pelo presidente Nayib Bukele e denunciado por ONGs de direitos humanos, que acusam o governo de usar tortura e prisões arbitrárias.
O local foi inaugurado em fevereiro de 2023 podendo comportar 40 mil pessoas, maior capacidade do mundo, de acordo com o World Guiness Book. Com o mais alto nível de segurança e capacidade, a construção representa mais um capítulo da “guerra” contra as gangues travada pelo presidente salvadorenho, que instaurou um regime de exceção em março de 2022 para conter a escalada de violência no país.
O CECOT foi construído para reter prisioneiros da maior parte do sistema prisional salvadorenho, que enfrenta superlotação. Antes, a maior cadeia do país era a de La Esperanza, que tem capacidade para 10 mil pessoas, mas abriga cerca de 30 mil pessoas.
“El Salvador conseguiu passar de país mais inseguro do mundo para o mais seguro das Américas”, escreveu Bukele quando apresentou o centro no Twitter. “Como conseguimos isso? Colocando os criminosos na cadeia. Há espaço? Agora existe. Será que eles poderão dar ordens de dentro? Não. Será que eles poderão escapar? Não”, acrescentou, exibindo o espaço em um vídeo superproduzido.
Veja fotos da megaprisão construída por Bukele em El Salvador
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A megaprisão é parte fundamental da investida de Bukele contra o crime organizado no país. A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou que o megapresídio não cumpre com as regras internacionais da ONU. Em nota, o governo rebateu dizendo que o local abrigará “os terroristas que tanto sofrimento causaram à população do país”.
“A prisão cumpre as normas e protocolos de segurança necessários para garantir a ordem, controle e disciplina entre os reclusos, com objetivo de não permitir ações ilícitas no interior ou a comunicação de membros de gangues com células terroristas que são fugitivos da justiça”, afirmou em comunicado.
Construído em um vale rural a uma curta distância do imponente vulcão Chichontepec, em Tecoluca, cerca de 74 km da capital San Salvador, o CECOT tem rigorosos controles de entrada. Para entrar na prisão, os detentos, assim como as equipes de segurança e administrativa, têm de passar por zonas de registro antes de atravessar três portões controlados pelos agentes.
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Para construir a prisão, o Estado comprou 166 hectares, dos quais 23 foram usados para construir oito alas em um perímetro cercado por uma parede de concreto de 11 metros de altura e 2,1 quilômetros de comprimento, protegida por cercas de arame eletrificado.
Para assegurar a autonomia ao presídio, o ministro salvadorenho de Obras Públicas, Romeo Rodríguez, disse que dois poços foram perfurados, uma planta de abastecimento de água de 600 metros cúbicos e quatro cisternas foram instaladas, além de oito subestações elétricas construídas. A prisão também dispõe de centrais elétricas emergenciais, movidas a combustível, para garantir o fornecimento de energia em qualquer situação. Uma estação de tratamento de esgoto também foi construída.
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Em frente aos blocos de celas, há uma sala de controle para operar os sistemas de água e eletricidade, de modo que os detentos não consigam “manipular” os serviços, explicou o diretor do CECOT, que falou sob anonimato. As alas também têm um telhado curvo para assegurar a circulação de ventilação natural aos detentos.
A prisão, que foi construída em um tempo recorde de sete meses, empregou 3 mil pessoas durante a obra e era supervisionada por uma empresa mexicana.
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Camas de ferro e sem áreas de convivência
Cada bloco foi construído em uma área de 6 mil metros quadrados e conta com 32 celas cercadas por barras de aço, onde “mais de uma centena” de membros de gangues serão alojados, segundo o ministro Rodríguez. Os detentos terão acesso a duas pias com água corrente para higiene pessoal e dois banheiros em cada cela, que tem cerca de 100 metros quadrados no total. Cabines com 80 camas feitas de ferro, sem colchões, também integram o espaço.
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Além disso, há “celas de punição”, escuras e sem janelas, em cada bloco, onde são transferidos os detentos que têm mau comportamento.
— Não há pátios, áreas de recreação, nem espaços conjugais — contou o ministro, explicando que os presos só deixam a cela quando vão a uma sala para dar andamento aos processos judiciais virtualmente.
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Após a instauração do regime de emergência, El Salvador alcançou uma redução histórica na taxa de homicídios, mas violações aos direitos humanos fizeram parte do processo, segundo organizações. Quase um ano após a criação do presídio, um relatório da HRW revelou que “milhares de pessoas, incluindo centenas de menores, foram detidas e processadas por crimes qualificados de maneira ampla, que violam as garantias básicas do devido processo e minam as perspectivas de justiça para as vítimas de violência das gangues”.
Bukele, em resposta, afirmou que tanto as organizações quanto a mídia estão do lado das quadrilhas.
Créditos (Imagem de capa): Detentos no maior centro penitenciário da América, situado em El Salvador — Foto: Marvin RECINOS / AFP/Aliados do Brasil