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Seis pessoas testam positivo para HIV após receberem órgãos transplantados; ‘Situação sem precedentes’, diz secretaria

Laboratório que prestava serviço de transplantes para o Governo do Estado foi interditado pela Vigilância Sanitária

Seis pessoas testaram positivo para HIV após receberem órgãos transplantados no Estado do Rio. A informação foi divulgada pela Bandnews nesta sexta-feira e confirmada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) ao GLOBO. O laboratório privado PCS Lab Saleme, contratado por licitação pela Fundação Saúde para atender o programa de transplantes, passou por uma fiscalização da Anvisa e foi interditado, após serem encontradas inúmeras irregularidades. Com isso, os exames passaram a ser realizados pelo Hemorio. O Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) investiga o caso.

Entre os transplantes feitos estão os de rins, fígado, coração e córnea. A notificação do primeiro caso foi feita no dia 10 de setembro, segundo a matéria da Bandnews. O exame para HIV de dois doadores havia dado negativo na época da morte, mas eles eram soropositivos. Segundo a secretária estadual de saúde, Cláudia Mello, foram amostras reservas guardadas no Hemorio indicaram que o resultado era positivo.

— A amostra que se mostrou positiva é uma alíquota que fica guardada, reservada no Hemorio. Houve essa comparação e novamente houve um laudo negativo no exame (do laboratório privado) e positivo no laudo do Hemorio.

O paciente que recebeu um coração apresentou sintomas e reações nove meses depois, dando entrada em um hospital da rede estadual com sintomas neurológicos. Após fazer inúmeros exames, ele testou positivo para o vírus HIV. Outros doadores estão sendo testados pelo Hemorio para saber se há mais casos registrados.

Segundo o RJ1, da TV Globo, os pacientes que receberam os transplantes de rins também testaram positivo para o HIV. Já a que recebeu a córnea, que não é tão vascularizada, teve resultado negativo para o vírus. O que recebeu o fígado morreu pouco tempo após a cirurgia.

 

Sindicância foi aberta

O transplante de um órgão no Brasil começa no atestado de morte encefálica, seguida pelo contato com a família e, depois, análise clínica do doador, com exames para verificar se o órgão está saudável. O erro aconteceu porque os testes para constatar doenças deram negativo, e a doação seguiu.

Por nota, a Secretaria de Saúde informou que esta é uma “situação sem precedentes” e que instaurou uma sindicância para identificar e punir os responsáveis. Uma comissão multidisciplinar também foi criada para acolher os pacientes afetados; e medidas foram tomadas para garantir a segurança dos transplantados. Todas as amostras de sangue armazenadas dos doadores, a partir de dezembro de 2023, data da contratação do laboratório, estão sendo rastreadas e reavaliadas.

“A Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o caso inadmissível. Uma comissão multidisciplinar foi criada para acolher os pacientes afetados e, imediatamente, foram tomadas medidas para garantir a segurança dos transplantados”, afirma a nota da pasta.

Atendimento aos pacientes

Cláudia Mello, por sua vez, afirmou que os pacientes já diagnosticados terão como base hospitalar o Centro Hospitalar Pedro Ernesto e contarão com uma equipe multidisciplinar para acompanhamento:

— Elas já estão com a agenda por telefone marcadas para visitas pessoais de quatro componentes. Algumas já estão sendo visitadas em casa ou num lugar que elas escolham, alguma unidade hospitalar.

A secretária informou que pessoas que estejam com dúvidas sobre os procedimentos ou sobre as testagens poderão enviar e-mail para um canal de atendimento da SES, o notifica@saude.rj.gov.br, e frisou que a situação não irá mais acontecer.

— A interdição pela Vigilância Sanitária do estado já foi lavrada e publicada em Diário Oficial. Temos a partir de agora um contato por e-mail para as famílias e para as pessoas que tenham dúvida em relação a isso entrarem em contato.

Investigação do MPRJ

Já a investigação do Ministério Público foi instaurada pela 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde da Capital, que abriu um inquérito civil para investigar as irregularidades.

“O procedimento está sob sigilo, em razão do envolvimento de dados sensíveis dos pacientes. Assim que houver medidas a serem adotadas pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), as informações pertinentes serão repassadas à Secretaria de Saúde e à sociedade. O MPRJ ressalta que está à disposição para ouvir as famílias afetadas, receber denúncias de quem se sentir lesado e prestar atendimento individualizado às partes envolvidas”, diz em nota.

*OGlobo

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