Cientistas americanos criam implante cerebral capaz de ler pensamentos — ENTENDA
O implante do tamanho de um selo postal é colocado no cérebro e codifica sinais do centro de fala do órgão, prevendo o que o paciente pensa
Cientistas norte-americanos anunciaram, nesta segunda-feira (6), terem criado um implante cerebral capaz de ler os pensamentos das pessoas sem que elas precisem falar. A tecnologia foi desenvolvida por neurologistas e engenheiros da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. De acordo com os pesquisadores, a novidade é uma esperança para restaurar a comunicação de pessoas que não conseguem falar.
– Há muitos pacientes que sofrem de distúrbios motores debilitantes, como esclerose lateral amiotrófica (ELA), que podem ter a capacidade de falar restaurada com tecnologias como essa – declarou o neurologista Gregory Cogan a jornalistas.
Publicado na revista Nature, o estudo explica que os chips foram implantados por meio de cirurgia em quatro pacientes saudáveis e que conseguem falar. A ideia era comparar a leitura do dispositivo com as palavras que as pessoas estavam proferindo.
O resultado foi que o sensor conseguiu uma taxa de acerto de 40% a 42% na mesma velocidade da fala usual, sendo o dispositivo mais rápido e eficiente já criado pela ciência até o momento. Seu desempenho superior a outros implantes semelhantes se deve ao fato de ele possuir o dobro de neurossensores distribuídos no mesmo espaço que os demais.
– Estamos em um ponto ainda muito aquém na interpretação do que é a fala natural, mas podemos ver que é possível chegar lá – declarou o neurologista Jonathan Viventi. As informações são de pleno news.
Os próximos passos consistem em aperfeiçoar o sensor, que atualmente passa os dados da leitura apenas para computadores com fios. O objetivo é melhorar sua eficácia e transportar as informações do cérebro para um dispositivo de gravação móvel, para que as pessoas pudessem se locomover com a tecnologia.
“Agora, estamos desenvolvendo o mesmo tipo de dispositivo de gravação, mas sem fios”, completa Cogan. “Você seria capaz de se movimentar e não precisaria ficar preso a uma tomada, o que é realmente emocionante.”
FONTE/CRÉDITOS (IMAGEM DE CAPA): “Ler pensamentos”: pesquisa utilizou situações cotidianas para avaliar a atividade cerebral dos pacientes (Kiyoshi Takahase Segundo/Getty Images/iStockphoto/VEJA)