Casal é preso suspeito de asfixiar e matar filho de 3 meses; exame necroscópico foi decisivo — “Ele chorava muito”, disse a mãe
Um casal foi preso neste sábado (8) suspeito de ter matado o filho de apenas 3 meses por asfixia em Itapevi, interior de São Paulo. Gabriel de Sousa Hippolito e Aline Nascimento Santos, pais do bebê, tiveram prisão temporária decretada por 30 dias.
ENTENDA O CASO
Por volta das 11h de ontem (8), policiais militares foram acionados para atender uma ocorrência no pronto-socorro de Itapevi, após um bebê de 3 meses ter dado entrada em óbito e com sinais de possíveis maus-tratos. A Polícia Civil requisitou exame necroscópico e toxicológico da vítima e representou pela prisão temporária do casal, que foi deferida pelo Poder Judiciário poucas horas depois.
Na delegacia, segundo a polícia, os pais relataram que a criança tinha se afogado com leite, após regurgitar. Alegaram ainda que viram escorrer leite da boca e do nariz do bebê. Após perceber que a criança não estava respirando, a mãe contou que a pegou no colo e a levou para o hospital.
No entanto, o laudo de exame necroscópico indicou que não houve sufocamento por leite, mas “sufocamento indireto das vias respiratórias por obstrução extracorpórea”, ou seja, um sufocamento mecânico e possivelmente criminoso. O laudo indicou ainda “ausência de conteúdo na traqueia, esôfago e estômago”, o que afasta a alegação de afogamento com leite, já que não foi encontrado nenhum líquido nas vias aéreas e no sistema digestivo da criança.
MUDANÇA DA VERSÃO APÓS O LAUDO
Após o laudo ser concluído, os pais da vítima mudaram a versão do caso. Segundo a polícia, Aline disse que sua gravidez foi indesejada, que não amava seu filho e que já estava cansada daquela vida, “porque a criança a restringia muito”. De acordo com a polícia, ela relatou que a criança chorava muito e que, por isso, durante a madrugada, enrolou a criança em um cobertor, colocou a chupeta na boca do bebê e o colocou deitado de bruços no carrinho onde ele dormia.
Depois, ela contou que a criança parou de chorar e, por isso, foi dormir, acordando somente por volta das 6h, quando seu marido acordou e a chamou, após perceber que o bebê não estava respirando. Já o pai disse, de acordo com a polícia, que Aline não queria e não aceitava o filho, pois ela tinha preferência pelo filho mais velho. Também relatou que ela reclamava muito do bebê, dizendo que ele “era um peso para ela”.
Para o delegado Adair Marques, não há dúvidas de que a morte do bebê teve origem criminosa. Segundo ele, o casal vai responder pelo mesmo crime. “No primeiro contato, foi perceptível que a mãe não demonstrava a emoção que era esperada em razão da morte do filho. Isso chamou a atenção. Todavia, esperamos a conclusão do laudo, que poucas horas depois, demonstrou, de modo técnico, que os pais estavam mentindo”, disse Marques.
O delegado confirmou que a mãe disse ter sido a responsável pela asfixia. Segundo ela, a intenção não era matar, “mas só fazer com que a criança parasse de chorar”. “Porém, o laudo sugere que alguém apertou a boca e o nariz da criança para sufocar”, conclui.