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Jornal aborda esquema de “aluguel de crianças” no aeroporto de Guarulhos — VEJA

Um esquema de uma quadrilha que “aluga crianças”  para, de maneira ilegal, conseguir dinheiro em um dos lugares mais movimentados do país soa como enredo de filme, mas é realidade. Tal prática acontece no maior e mais movimentado aeroporto da América do Sul, em Guarulhos (SP).

A apuração e investigação foi feita e divulgada no começo do mês pelo jornal Metrópoles, que acompanhou uma situação, que pode até parecer comum, de solidariedade, mas, na realidade, representa uma série de crimes e violações de direitos.

Na área de embarque e desembarque do Terminal 3, onde se concentram os principais voos internacionais do aeroporto, um carro de cor cinza desembarcava no dia 13/02, segunda-feira, uma mãe e um filho, com três malas, em direção à entrada do terminal. Ao ver a situação, um homem de camisa, calça jeans e tênis se aproxima da família querendo ajudar com a bagagem enquanto o carro partia e deixava a mulher e o filho.

O homem que estava “ajudando” as duas pessoas, na realidade, aluga a criança por algumas horas para, dentro do terminal de passageiros do aeroporto internacional de Guarulhos, arrecadar dinheiro, esmola, que pode chegar até R$ 1 mil por dia. A mãe e o filho não são passageiros e sim cúmplice e vítima de um golpismo, respectivamente.

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Quadrilha do “golpe da esmola

Marcelo Benedito da Silva, de 46 anos, o homem descrito no relato acima, segundo o portal de informações, chefia um bando, uma quadrilha que usa crianças alugadas para dar o golpe nos passageiros que passam pelos corredores do terminal aéreo. Na maioria dos golpes, as mães de aluguel acompanham a aplicação do crime e as abordagens, podendo receber até R$ 300 pela atuação.

 

Para os golpistas conseguirem o dinheiro dos passageiros que por ali passam, os criminosos inventam toda uma história de que são pais de família e estão passando por necessidades, ou que perderam o voo e precisam de ajuda financeira para reagendamento da viagem.

O terminal 3, também citado acima, é o mais disputado pelos golpistas por conta da movimentação de turistas de outros países, já que é lá que se concentra a maioria dos voos internacionais, vindos de diversos países e continentes do mundo. Com a presença dessas crianças, sensibilizando os passageiros que acabaram de chegar no local, eles, as vítimas, chegam a dar notas de dólar, euro, entre outras moedas internacionais.

Criminoso admite esquema

O portal Metrópoles também teve acesso a um áudio onde Marcelo admite pagar mulheres para que o acompanhem com crianças alugadas, com finalidade de pedir esmola. Ele diz que realiza o esquema para se auto sustentar, pagar as contas de casa e a pensão de três filhos: “Uma (mulher) folga e outra vem. Peço dinheiro com elas, (que) não são nada minhas. Eu peço dinheiro, não roubo. É um dia de cada mulher. Pago a diária. Quem não pode descansar sou eu“.

A esposa dele, assim como veiculado no áudio do Metrópoles, Débora Maris da Silva, também coordena um grupo de pedintes que também usa crianças alugadas no aeroporto paulista. O jornal afirma que ao menos 20 pessoas estão envolvidas nessa quadrilha.

O que diz o poder público?

Foi um ex-funcionário do aeroporto internacional de São Paulo/Guarulhos que descobriu que algo de errado acontecia por ali. Ele, ainda no ano passado, chamou a atenção da segurança do aeroporto sobre o esquema liderado por Marcelo. As suspeitas dos agentes de segurança do GRU Airport eram de que Marcelo seria o olheiro do bando de criminosos.

Para o Metrópoles, a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) afirmou que a 3ª Delegacia de Atendimento ao Turista (Deatur), que fica localizada no aeroporto, estava apurando a denúncia feita pelo jornal, “visando ao esclarecimento dos fatos e à responsabilização dos autores“.

Contactado, o Conselho Tutelar (CT) de Guarulhos afirmou que iria “apurar a situação e encaminhar um ofício para a Polícia Civil solicitando providências e investigação por se tratar de um crime”, diz trecho de nota emitida pelo Conselho Tutelar. A instituição ainda afirmou que iria encaminhar a denúncia ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) e à Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Guarulhos, e que se necessário, o Ministério Público também será acionado.

O CT de Guarulhos também afirmou que, de acordo com as denúncias da reportagem “traz claramente uma situação de crime e, portanto, se faz necessária a atuação policial“.

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