“FIQUE EM CASA”: Pedidos de recuperação judicial enfrentam a maior alta desde a pandemia; micro e pequenas empresas representam 2/3
Com o fim dos programas governamentais, empresas sofrem com a renegociação de dívidas, juros altos, inflação e baixo consumo
“FIQUE EM CASA, A ECONOMIA A GENTE VÊ DEPOIS”. Essa frase bastante conhecida por todos nós foi ventilada aos quatro cantos do país por gente que estava lucrando com a pandemia, por parte do funcionalismo público (que todo mês o salário tá na conta) e, principalmente, pela grande mídia. Bem, a conta chegou e alguém (contribuinte) vai pagar todo esse prejuízo.
Após quase três anos do início da pandemia de Covid-19, o número de pedidos de recuperação judicial enfrenta a sua maior alta desde 2020, visto que as empresas brasileiras estão sofrendo com o fim de programas governamentais, além de situações que envolvem o vencimento de dívidas renegociadas, juros altos, inflação e baixo consumo.
É diante deste cenário que o número de pedidos de recuperação só aumenta exponencialmente. Em suma, esta é uma tentativa das empresas de ganhar tempo suficiente para organizar as finanças e preservar as portas de seus negócios como estão: abertas.
Recuperação judicial
A situação é tão alarmante que, por exemplo, o volume de pedidos de recuperação em janeiro foi o maior para o mês em três anos. Os dados são da Serasa Experian e apontam, inclusive, para um possível aumento de falências até o mês de abril. Também vale lembrar que empresas tradicionais também vêm demonstrando um desgaste financeiro.
Oi, por exemplo, saiu de um processo de recuperação Judicial em dezembro, mas fez um novo pedido de tutela judicial. Na prática, isso indica uma segunda recuperação como tentativa de cumprir os compromissos assumidos na primeira. Como é de se imaginar, a Oi não é a única empresa grande que enfrenta dificuldades financeiras.
A DOK Calçados, dona da Ortopé, também entrou com pedido de proteção judicial. Outras, como a Pan – do setor de chocolates – e a Livraria Cultura abriram um processo de falência.
Também não se pode esquecer da Americanas, que entrou com um pedido de recuperação por causa de um caso interno de rombo em seus balanços. Estas situações apenas ilustram um cenário ainda maior. Segundo os dados da Serasa Experian, no total, 92 companhias pediram ajuda na Justiça apenas no mês passado.
Na prática, é uma alta de 37,3%, quando comparado ao mesmo mês de 2022. Também representa um aumento de quase 90%, quando a comparação ocorre com janeiro de 2021. Neste cenário, vale destacar que as micro e pequenas empresas representam dois terços dos pedidos de recuperação judicial, entretanto não se pode ignorar que quase o triplo de empresas de grande porte também pediram ajuda, se este pedido for comparado ao ano anterior.
Inadimplência
O ano de 2022 terminou com um cenário composto por 6,4 milhões de companhias inadimplentes em todo o país. Por fim, tal número representa um recorde desde que o Serasa passou a fazer esse tipo de levantamento em 2016.