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Não existe possíbilidade, na prática, do fim das autoescolas; conclui especialista

No ano passado começou a tramitar na Câmara dos Deputados um Projeto de Lei que pretende tornar facultativa a frequência em autoescolas, na obtenção da Carteira Nacional de Habilitação (CNH). O PL foi proposto pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP).

À época, o assunto chamou muito a atenção, pois ao defender a aprovação da proposta em suas redes sociais, o deputado foi bastante enfático.

“O PL foi protocolado para acabar com a máfia das autoescolas”, informa a página de Kim Kataguiri que já foi coordenador nacional do MBL (Movimento Brasil Livre).

David Duarte Lima, doutor em Segurança de Trânsito pela Universidade Livre de Bruxelas (Bélgica) e mestre em Saúde Pública pela Universidade Católica de Louvain (Bélgica), disse em entrevista a Celso Mariano, na live Portal Convida da última sexta-feira, que seguramente o PL não será aprovado. “Eu digo sem medo de errar. É preciso, porém, que os Centros de Formação de Condutores (CFCs), os profissionais de trânsito façam alguma pressão também, para não deixar a proposta solta na Câmara”, afirma.

O especialista disse também que a defesa do PL, realizada pelo deputado, foi bastante infeliz. “Evidentemente em todas as categorias há maus profissionais, inclusive nessa. O que ele de certa forma alegou que há uma máfia, porque algumas vezes são descobertos esquemas com o Detran, não justifica”.

Dr. David ainda complementa e sugere ao deputado que visite uma autoescola.

“O deputado Kim deveria passar um dia no banco de trás de um veículo de autoescola com um instrutor que treina vários alunos por dia. Uns com determinadas dificuldades, outros com habilidades. Uns ainda que acham que já sabem dirigir. Ele devia passar um dia olhando como é a aula dos instrutores, que a propósito são muito mal remunerados. Todo o sistema é muito pressionado para ter preços baixos”, diz.

Didática

Outros pontos citados pelo especialista estão relacionados a infraestrutura de um CFC e de toda didática envolvida no processo. “Ensinar dentro de um veículo é complicado. O instrutor tem que orientar a visão do aluno, a atenção, onde estão os perigos eventualmente ocultos. Além, é claro, do mecanismo de operação do veículo”, esclarece.

Para Dr. David, o instrutor merece ser mais valorizado.

 

 

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“O trabalho do instrutor é complexo, valiosíssimo e que salva vidas. O trabalho não só do instrutor, mas das autoescolas, de forma geral, é muito negligenciado pela nossa sociedade, especialmente pelos políticos”, alerta.

Exemplos de outros países

Muitos dos que defendem a aprovação de um processo “autodidata” comparam a situação com outros países, como os Estados Unidos. Sobre o assunto, o especialista esclarece alguns pontos. “Quando a gente vê esse tipo de PL e compara, por exemplo, como é na Bélgica, na Espanha, nos Estados Unidos, percebemos que estamos na contramão. Diferente do que muitos pensam, a Califórnia, por exemplo, está aperfeiçoando bastante o processo de formação e aprendizado continuado de condutores”, conta.

O especialista conclui reforçando sua tese.

“Não tem nenhuma chance de ser aprovada porque é um projeto que promove a irresponsabilidade”, finaliza.

Por portal do trânsito

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